domingo, 15 de dezembro de 2013

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O Nome da Rosa

Nathalia Cavalcante

    O filme “O nome da Rosa”, de 1986, do diretor Jean-Jacques Annaud, é baseado no livro de mesmo título de Umberto Eco. A obra fílmica retrata – por meio de uma investigação realizada por franciscanos –, as questões religiosas embebidas em símbolos e sígnos. William de Baskerville (Sean Connery), nomeado como “Mestre”, por um noviço que o acompanha, Adso Von Melk (Christian Slater), se mobiliza para desvendar um mistério que cerca as mortes de monges em um mosteiro italiano beneditino.
   O ano é 1327, o período concentra os mecanismos realizados pela igreja, como meio de alienar a população, tendo como segundo escopo, o temor de quem ousasse contrariar as imposições. Nesse momento histórico, indulgências eram ‘vendidas’. A inquisição pregava a negação ao que não condizia às normas eclesiásticas; e os que cometiam atentados às regras eram queimados, ainda vivos.

sábado, 14 de dezembro de 2013

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MEU TIO

  Nathalia Cavalcante

   O filme apresenta o mundo paralelo de Monsieur Hulot, personagem do próprio diretor. Esse, tido com um solteirão e sem emprego, dá vida à obra cinematográfica que discute a construção da tecnologia, já na década de 1950, quando foi lançada. O sobrinho de Hulot, chamado Gerard (Alain Bécourt), um menino de aproximadamente oito anos, o segue e prefere a sua companhia a dos pais. A casa onde vive é um exemplo futurístico, com aparelhos tecnológicos que suprem as ações humanas; fazendo com que, de certo modo, sejam até mesmo reprimidas.
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Moça com brinco de pérola

    Nathalia Cavalcante

   A obra intitulada “Moça com brinco de pérola”, dá vida, em 2003, ao longa-metragem de Peter Webber. O enredo se passa, em 1665, ano em que Johannes Jan Veermer produz a tela, em Delft, Holanda. O diretor revela, com intensidade, o comportamento de Veermer diante da repulsa à crise encabeçada por sua sogra, Maria Thins (Judy Parfitt). O artista possuía uma maneira própria de trabalho, por isso, raramente, iniciava uma obra na sequência do término de outra.
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A ronda da noite

Nathalia Cavalcante

Peter Greenaway, em “A ronda da noite”, de 2007, exibe a passagem de tempo que expressa a criação da obra que cristalizou a Companhia de Franz Banning Cocq. A partir disso, constata-se que a fotografia do filme alia-se à dada obra do artista, adotando o contraste entre luz e sombra, sendo em sua maioria, planos em que as ações são realizadas com iluminação amena, para valorizar a arte de Rembrandt e evidenciar uma das obras mais importantes de seu trajeto artístico.
O filme expressa de modo contundente a representação da história que cerca a obra “A ronda da noite”, em um ambiente pictórico, como se a encenação estivesse sendo exposta dentro de uma pintura. Greenaway transporta o espectador à Holanda, de 1642. Ano em que foi realizada a pintura. O diretor faz uso do espaço teatral para enredar o espectador às indagações de Rembrandt, como na primeira cena em que o protagonista acredita estar cego e a plateia o rebate, pedindo para que abra os olhos.  A coreografia cênica induz à reprodução de diferentes telas. Por isso, o filme explora planos que se assemelham à concepção dessa arte.
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CARAVAGGIO

   Nathalia Cavalcante

Amor Vincet Omnia (1602 - 1603)
  O filme de Derek Jarman apresenta o trajeto de Caravaggio até o reconhecimento, ocorrido por intermédio do acolhimento de representantes da Igreja Católica. Por consequência, o artista concebe em suas obras a religião, porém a envolvendo com aspectos sociais, já que o artista procurava representar em suas obras pessoas comuns, oriundas de uma condição de vida humilde. O longa-metragem apresenta Caravaggio em três períodos diferentes: a infância (Noam Almaz), a juventude (Dexter Fletcher) e a fase adulta (Nigel Terry). O diretor adotou a narrativa não-linear.  Dessa forma, Caravaggio inicia a trama em uma cama, duranteum resquício de vida. A partir disso, o protagonista envolve a história por meio de sua narração. Assim, Jarman apresenta a vida de Caravaggio contada por meio de flashbacks, em que o artista narra e conduz a trama até o auge, quando se tornou um artista de renome.
   Nesta obra fílmica são evidenciadas as cores constantes na pintura desse ícone. O vermelho recebe destaque principal, sendo possível de relacioná-lo à energia adotada em torno de seu feito artístico e até mesmo a dramaticidade ilustrada, também, no comportamento e na realidade íntima do artista. O diretor, aqui, se atém unicamente ao protagonista, sua obra e comportamento.

quarta-feira, 3 de abril de 2013

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Intensidade feminina

Almodóvar revela histórias de mulheres que passam por altos e baixos como em um flamenco

Nathalia Cavalcante

Raimunda, personagem de Penélope Cruz
   Em 121 minutos, mais uma vez é possível prestigiar as cores de Pedro Almodóvar, em Volver, de 2006. O terceiro filme com Penélope Cruz traz a atriz espanhola no papel de Raimunda, mãe de Paula, uma adolescente de 14 anos. A dedicação de Raimunda faz com que ela trabalhe, incansavelmente, para manter a casa. Como se isso não bastasse, seu marido, Paco, tenta abusar sexualmente de sua filha. A menina, em legítima defesa, assassina o homem. Depois dessa morte, mãe e filha unem-se ainda mais.
   Soledad, a Sole, é irmã de Raimunda, e abriga Irene. A mulher é a mãe das irmãs que, até então, acreditavam piamente na morte dessa personagem.  A volta de Irene faz surgir revelações do passado. A partir daí desvendam-se segredos de família. Mesmo com essas tragédias, o diretor apresenta a trama com humor. Volver tem um enredo vivo, com personagens intensas. Cada uma com uma história própria e forte, com razão para estarem ali.
Irene e Raimunda
   Assim como em Kika (1993), Tudo sobre minha mãe (1999) e Fale com ela (2002), Almodóvar traz uma história atípica, porém com a sua característica espanhola de contar. Volver, assim como o próprio título já revela, é uma narrativa de voltas, sejam elas boas ou ruins, mas que na verdade, a intenção é colocar tudo em seu devido lugar. Por isso, nada mais propício que uma volta inesperada e inusitada, a la Almodóvar.
   A mãe que retorna da morte é interpretada por Carmem Maura. A atriz, veterana em filmes de Almodóvar, depois de 17 anos longe dos sets do diretor, encarna essa matriarca que havia deixado as filhas, por ter provocado uma reviravolta no passado. Esse motivo avassalador tem ligação direta com Raimunda que, até reencontrar a mãe, guardava mágoas. No entanto, o “fantasma” de Irene reaparece para esclarecer as adversidades ocorridas, que a fez desaparecer.

quinta-feira, 21 de março de 2013

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Meninas

  Nathalia Cavalcante        

           Antecipar uma fase da vida. Essa poderia ser a frase de quatro adolescentes que dão vida ao documentário “Meninas”, de 2006, dirigido por Sandra Werneck. Na tela, as meninas apresentam suas histórias, cada uma com suas particularidades. O título evidencia não somente a idade, mas também as constantes interrogações que rondam os pensamentos dessas, que poderiam continuar com as ansiedades corriqueiras da adolescência. Porém, a maternidade tomou lugar dessas preocupações.
            A periferia do Rio de Janeiro é o ambiente que conduz o enredo. Cada personagem é revelada, ao longo de um ano. A gestação trouxe mudanças, a um espaço ocupado pela rotina costumeira de quem sonhava com o futuro, ainda. No entanto, um trecho desse tempo próximo havia se adiantado e, com isso, as adaptações tiveram de ocorrer, sem contestações, pois a situação não permitia.
Luana, 15 anos. Sem a presença do pai, precisou ajudar a mãe a cuidar das quatro irmãs. A responsabilidade se acumulou mais uma vez. Segundo Luana, a gravidez era esperada, o casamento não foi desejado por ela, bastava que estivessem juntos. Ela esperava retribuir a mãe o esforço recebido. Evelin, 13 anos. Mesmo grávida não deixou de frequentar o baile funk. A escola ficou para trás, na quinta série. Ela, não escondia a sua paixão pelo namorado. Ele, havia se afastado do tráfico de drogas. Os pais são separados, ela mora com a mãe e um irmão, o pai, que trabalha como motoboy, acredita que falharam na educação de Evelin, por isso a menina engravidou.

quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

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Cinema Comentado

O trash que virou cult

A história do considerado, pior diretor de cinema, estampada nas telas por Tim Burton

Nathalia Cavalcante
            Divertida e singular! Essa é a trajetória de Ed Wood. O cineasta, que recebeu da crítica a nomeação de pior diretor, intitula o filme, de 1994, de Tim Burton. Estrelado por Johnny Depp, no papel do diretor de cinema que acreditava em seu talento, o enredo apresenta a busca de Wood pelo reconhecimento. Para creditar a época, da década de 1950, em que se passa a ação, Burton optou pelo preto e branco, na mesma sintonia do verdadeiro Wood.
            Antes de acreditar em sua competência, a personagem revela a sua admiração pela arte. A princípio, o teatro foi o escolhido, mas o cinema fisgou o aspirante a diretor. As falhas não eram levadas em consideração. Para ele, tudo estava perfeito! Um take era o bastante.
A primeira experiência foi em Glen ou Glenda? A história de um homem que gostava de se vestir com roupas femininas. O roteiro do próprio Ed Wood, na verdade era um auto-retrato. Ele e sua esposa, interpretada por Sarah Jessica Parker, atuaram no filme.  O protagonista ficou por conta do próprio diretor, à vontade no papel. O enredo confuso resgata Bela Lugosi do esquecimento, considerado morto por muitos, o ator húngaro, que interpretou o Conde Drácula, em 1931, firmou parceria com o novo amigo.
           Essa primeira iniciativa repercutiu entre risos e desprezo. Mas, a história de Ed Wood nos estúdios, estava começando, apenas. Desistir, jamais. Com isso, nasce, por acaso, A Noiva do Átomo, novamente sem nexo. Posteriormente, recebe o título, A Noiva do Monstro, assim melhor denominado pelos distribuidores conquistados por Wood. Mesmo assim, a recepção não foi das melhores. Daí veio a derradeira história: Plano 9 para o Espaço Sideral. Dessa vez, naves espaciais ganham espaço no roteiro do diretor.