domingo, 9 de outubro de 2016

0

Vestido de Noiva

               O texto dramático de Nelson Rodrigues intitulado “Vestido de Noiva” é dividido em três atos. As personagens estão inseridas em três planos diferentes: realidade, alucinação e memória. O fio condutor é Alaíde, que de forma fantasiosa, traça o enredo e seu devido desenrolar. As personagens se ligam por uma tragédia: a morte. Fato relatado com veemência ao longo da trama por todas as personagens.
            O autor faz uso do mistério, criando diversas reviravoltas, fazendo com que o leitor/espectador entre na história, instigando seu respectivo interesse. A tragédia cotidiana, evidente na obra de Nelson Rodrigues, revela as fraquezas do ser humano. A família é o alvo dessa discussão, quando aos poucos uma moça com véu se revela na memória da falecida Alaíde. O vestido de noiva cobiçado por Lúcia, irmã, é a grande ferida aberta, causadora de discórdias, culminado em uma morte desejada.
            Alaíde está imersa em uma espécie de purgatório, local onde lembranças se confundem com alucinações, sendo evidentemente entendidas no plano da realidade, até vir à tona a identidade de quem havia morrido. O primeiro sinal dessa alucinação se torna claro, quando Alaíde, no início do primeiro ato, procura por Madame Clessi.
As personagens que dividem a cena com Alaíde são três dançarinas e dois homens que lembram o rosto de seu marido, Pedro. Essas pessoas afirmam a morte da mulher, porém Alaíde não se conforma. Após esse momento, Clessi surge. Afinal, como é possível uma mulher dada como morta aparecer aos olhos da personagem? Assim, com a ajuda de Madame Clessi, Alaíde arranca aos poucos da memória o que havia ocorrido. Desde o suposto assassinado de seu marido, realizado por ela, à sua própria morte.